Dois cafés e uma conversa sobre a vida

 


Se eu convidasse a Morte para tomar um café, em uma conversa entre amigos, o que acha que ela me perguntaria?

Acredito que ela perguntaria sobre a minha vida como pai e da felicidade e aflições de ver minha filha crescer em um mundo tão transtornado.

Perguntaria sobre os meus sentimentos, sobre as alegrias de ter superado as adversidades após a perda do meu pai.

Daríamos risadas lembrando das bobagens necessárias da minha juventude. De como eu gostava de dançar e de como não me importava com nada nesses momentos e por que gostava de dias chuvosos.

Talvez quisesse saber se estou vencendo minhas inseguranças e ansiedades — e como tenho lidado com esses sentimentos.

Perguntaria se ainda escuto músicas antigas, se continuo comendo arroz com feijão e azeite, e se ainda prefiro os doces de Minas Gerais aos de São Paulo.

Ao final, imagino que perguntaria se me sinto bem sendo acolhedor com as pessoas que se aproximam de mim. E eu lhe responderia, sem hesitar: sim.

Ela agradeceria o convite, eu pagaria a conta e diria: “Até um dia.”

Escrevi esse ensaio imaginário para entender que, se essa conversa de fato acontecesse, tenho certeza de que ela não me perguntaria sobre horas extras, relatórios pendentes ou meu cargo atual.

Ela não notaria meu relógio, minhas roupas, meu carro e muito menos o meu imposto de renda.

Não se interessaria no modelo do meu celular, nas minhas redes sociais, se tenho muitas "curtidas" ou no meu time de futebol.

Ou seja, a Morte perguntaria apenas sobre as coisas que, de fato, fazem a minha vida única.

E o mais belo dessa reflexão seja perceber que bastou uma simples xícara de café e a imaginação de um encontro para me lembrar do que realmente importa.

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