A herança que desejo para minha filha
Não lhe deixarei meu legado como herança, por mais estranho extraordinário que isso possa parecer.
Não desejo que siga os meus passos. Eles nasceram das minhas escolhas, dos meus caminhos. Desejo que o seu percurso seja traçado pelas suas próprias descobertas, erros, acertos e conquistas. Ainda assim, estarei aqui para orientar e amparar, até onde me for permitido pela vida ou por nossas decisões.
Não quero que sinta a obrigação de ser forte o tempo todo. Eu mesmo acreditei, por muito tempo, que a força deveria ser constante — e me enganei. Fui forte quando necessário, mas humano na maior parte do tempo. Aprendi que os sentimentos não são fraquezas; são expressões da nossa singularidade. Desejo que sinta cada emoção com acolhimento. E, se precisar de um colo, eu estarei aqui.
Não quero que me veja sempre como um herói. Heróis em tempo integral só existem nos contos. Homens e mulheres sentem medo, dor, frio, raiva, compaixão — e também falham. Mesmo assim, somos capazes de atos heroicos, e são esses momentos que merecem ser valorizados. Quero que você seja heroína e destemida quando for preciso. E, se algum dia precisar de um escudeiro, estarei ao seu lado.
Não desejo que me veja como infalível, porque não sou. Errar e falhar foram, para mim, grandes professores, apesar da dor que esses momentos trazem. Espero que aprenda com os seus próprios erros. E, se precisar de apoio, meus ombros estarão aqui.
Não quero que veja minhas ideias como verdades absolutas. As ideias mudam, se transformam, podem — e devem — ser revistas. Quero que você me questione e me mostre o mundo com os seus olhos. Estarei sempre ansioso para aprender com você.
Por fim, desejo que tenha a sua própria história, os seus triunfos — únicos e exclusivamente seus, frutos das suas escolhas. Sei que será uma jornada longa, mas estarei com você até o momento em que a vida nos indicar que cada um deve seguir seu próprio caminho.
E sempre estarei com você.

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